Tuesday, January 30, 2007

Traduções...

Inlgês: Oh, Yes!
Francês: Oh, Oui!
Alemão: Oh, Ja!
Português: Oh, Meu Deus!
Português do Brasil: Ai Jésuis!

Thursday, January 18, 2007

Bons livros

Wednesday, January 10, 2007

Amorzinho

“Amorzinho” até nem é do pior que se pode ouvir. Não provoca lesões irreversíveis, pelo menos. Nem amorzinho nem as suas imensas variantes, como o “ó amor”, “ó querido”, embora resvalem todas para a mesma e única significância: A perda da identidade do homem a partir do momento em que se casa ou que se deixa tomar nas amarras da dita mulher. Já o mesmo não se pode dizer do “ó carinho”, “ó fofo”, “ó fofinho”, no que respeita às lesões. Até ao casamento existe um homem e uma mulher, um namorado e uma namorada, um par de namorados, já agora, um namorado e um namorado, uma namorada e uma namorada, o Francisco e a Maria, a Joaquina e o Fernando, o Silva e a Barbosa, o Manuel e o Luís, a Brigite e a Tatiana. Primeiro todos eles existem enquanto pares e enquanto pessoas singulares, bem identificáveis e definíveis, depois é esta desgraça do “Amorzinho chega-me a pimenta se fazes favor”. Não tem nada a ver! Há conjugações que nunca na vida serão possíveis quando no casal se instalam certas formas de tratamento.
Como tentava dizer, as formas de tratamento anteriores não são, mesmo assim, do pior que há. Uma coisa é a já referida perda de identidade, outra coisa é, para além dessa despersonalização, usar de formas de tratamento impregnadas, subliminarmente, de insultos e de manobras manipuladoras. Um gajo que se chame Filipe e se deixe comandar com palavras como Pipinho ou Lipinho está completamente arruinado. Ali não há carinho, não há amor, não há respeito, há coitadinho, há pipinho, ah granda Pipinho! “Inhos” é para miúdos até aos quinze anos, inclusive, depois, em favor da saúde mental e do relacionamento interpessoal, convém acabar com esses diminutivos pouco lúcidos e incapacitantes.
Há quem faça uso também de variantes que existem para delimitar seca e repetidamente, não vá alguém se esquecer, a função do homem dentro do casamento ou ajuntamento, dentro da relação com ou sem facto. Inscrevem-se aqui o “ó Marido” ou, no caso de o papel não estar a ser bem cumprido, o “ó Maridinho”, e as outras que, ainda por cima, complicam a vida a quem os ouve, como, “ó Pai”, “ó Paizinho”, “ó Papá”. No outro dia, enquanto fazia as irritantes compras do Natal, ouvia constantemente uma “menina” dizer: Ó Pai, que achas?, levamos-lhe isto? Ao qual o pai, sentindo-se sem direito a pronunciar-se sobre o que quer que seja, respondia com um encolher de ombros. Dei a volta, confesso. Há cabelos que me fazem dar sempre a volta. Simulando uma ida à secção das lingeries, como se fosse avaliar algum artigo, olhei de frente para aquela filha daquele pai. Meu dito meu feito, aquele canastrão nunca poderia ser filha, pelo menos daquele pai. Ela naquela relação era, se a lógica mais afinada não me atraiçoou, a pessoa tratada por Mãe, Mãezinha, Mamá.
Agora, não só como mero exercício teórico mas tentando exemplificar que existe muito mais por trás dessas coisas de perdas de identidade e afins, imaginemos como se comportará um casal na sua intimidade com formas de tratamento como as que aqui foram descritas. Alguém se acredita que frases como “Ai pipinho, és bom demais!” ou “Fofo, tu fazes-me ver o sétimo céu” serão possíveis? Claro que não! Eu posso afiançar-vos de uma coisa, se um dia me tratarem por Pipinho é limpinho de que nunca me chegarão a tratar por Pai.
Não há nada que chegue ao nome próprio ou, quando muito, ao sobrenome: “Silva, achas que isto me vai ficar bem?”; “Ó Tónio, o que quer dizer movimento de rotação?”. Perguntas assim formuladas dão-nos o direito de responder e de agir com muita mais propriedade!